segunda-feira, 28 de maio de 2012


Alma insone

Não quero dormir.
Quero caçar com as mãos nuas
os momentos desperdiçados.
Manter com os olhos abertos
a ilusão de ser imortal.
Quero buscar sempre o novo,
me tornar infinito,
e entupir a mente de coisas
para esquecer o medo da morte
e de tudo o que ela torna incompleto.
Não vou mais dormir,
não vou mais parar,
não vou mais sonhar.
Quero que cada um dos meus fôlegos
seja parte de minha arte,
até que a arte me consuma
e minha vida seja apenas
a obra que ela deixar.

3 comentários:

  1. Ah, esse desejo é bem conhecido entre nós, os loucos que chamam de poetas... que nossa arte nos consuma e deixe claro que nossas vidas e identidades são apenas canais de sua manifestação.

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  2. Como eu falei, gosto dos teus poemas que já li porque eles falam o que querem dizer. Não se escondem. Muito bom este poema. Parabéns.

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  3. Estas palavras são sinceras demais...E, no entanto, a sinceridade não deixou que se desfizessem as cores das palavras. Uma bela construção de espírito. Um ideal!

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