Morrem as células, milhões a cada dia;
morrem os dias, quando o sol no oeste passa.
E, pouco a pouco, no silêncio e na agonia
morrem memórias da bonança e da desgraça.
Morrem os sonhos, os amores, a alegria,
nossa existência é coleção de mil carcaças.
Quando nascemos, nossa morte a parca fia
e logo o berço com a cova se entrelaça.
Todos os anos nós morremos, lentamente,
em corpo e espírito o vigor se faz ausente
e se aproxima de seu fim nossa jornada.
Se a cada passo nós rumamos para o abismo,
dizer "vivemos" é patético otimismo:
no fundo a vida é apenas morte disfarçada